terça-feira, 17 de março de 2009

Nova Iorque, 17 Mar (Lusa) - Um responsável pela justiça de Nova Iorque anunciou hoje que a seguradora AIG pagou gratificações salariais no valor de pelo menos um milhão de dólares (768 mil euros) a 73 funcionários, dos quais 11 já não trabalham na empresa.
Um beneficiado recebeu mais de 6,4 milhões de dólares (4,9 milhões de euros) em compensações e que os sete mais premiados arrecadaram mais de 4 milhões de dólares (3,07 milhões de euros) cada um, depois de terem recebido do governo dos EUA, nos últimos seis meses, dinheiros públicos no montante de 173 milhões de dólares.
Os argumentos por parte dos gestores da AIG é de que não há na lei nada que proíba o pagamento daqueles bónus

Este escândalo financeiro tem semelhanças com situações altamente escandalosas em Portugal.

Paulo Teixeira Pinto, ex-presidente da comissão executiva do Banco Comercial Português, saiu do grupo com uma indemnização de 10 milhões de euros e com o compromisso de receber até ao fim da sua vida uma pensão anual equivalente a 500 mil euros, 35 mil euros por mês, 14 vezes por ano. Isto pelo seu compromisso de não ir trabalhar para a concorrência nos próximos anos.
Jardim Gonçalves, antigo presidente do banco BCP abandonou o cargo em 31 de Dezembro de 2007, terá garantido uma indemnização de 28 milhões de euros, valor muito superior ao que foi pago aos funcionários da seguradora americana.
Perante a crise financeira que abala o mundo, o Governo Português avalizou empréstimo bancário com o dinheiro dos nossos impostos, (não são conhecidas as condições) a este banco privado.
Mas não ficamos por aqui. Em empresas públicas temos muitos exemplos:
Em 15 de Fevereiro de 2007 foi tornado público que Manuel Lopes Marques, ex-director-geral de exploração e conservação da Refer (Rede Ferroviária Nacional), recebeu em Junho de 2006, uma indemnização de 210.000,00 euros para sair daquela empresa do Grupo CP - Comboios de Portugal. O valor da indemnização talvez não fosse motivo de discussão; com 35 anos de trabalho, equivaleria a um mês de vencimento por cada ano de trabalho. O que é discutível, e muito, é a vantagem financeira da empresa nesta oportunidade de despedimento (ou para ser mais rigoroso, uma rescisão por mútuo acordo!) porque, ao fim de 35 anos de trabalho e 61 de idade.
Dois meses depois de sair da Refer, ingressou na Rave (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), empresa detida pela Refer e pertencente também ao Grupo CP, como assessor do conselho de administração, com um contrato até 3 anos e um salário mensal de 5050,00 euros.
A 23 de Fevereiro de 2007, soube-se que Joaquim Barbosa, engenheiro de sinalização da Refer, rescindiu o contrato em 2004, numa altura em que o seu ordenado rondava os 5000,00 euros e recebeu uma indemnização de 120.000,00 euros. No final do ano, foi contratado como consultor para assessorar o conselho de administração por cerca de 6000,00 euros mensais
Tanto a Refer como a Rave são empresas públicas do universo empresarial da CP e tutelada pelos ministérios das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e das Finanças.
Todos sabemos os prejuízos anuais que a CP apresenta na sua exploração, porque presta serviço púbico, muito abaixo do preço de custo. É uma questão de solidariedade social.
Afinal, os nossos impostos servem para pagar chorudas indemnizações em rescisões por mútuo acordo a funcionários que ganham muito acima da média nacional, e que depois voltam a ser contratados pela porta do cavalo, com ordenados ainda maiores.
Eles não têm vergonha. Eles não têm nenhum senso de responsabilidade para com os contribuintes

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