segunda-feira, 6 de abril de 2009

Óscar Silva


Após os bons serviços à frente da Credifin no Porto, foi convidado a formar a Créditus em 1998. Em 2000, foi considerado o “funcionário do ano”, ao apresentar resultados extraordinários. Para o premiar, Oliveira Costa entregou-lhe a BPN Seguros e a Real. Óscar Silva, inebriado com os lucros fáceis que lhe permitiam fazer fortuna pessoal, reunia os parceiros da administração da BPN-Créditus em casas de alterne portuenses, em memoráveis noitadas que animaram boîtes como o Calor da Noite ou a Taverna do Infante, à época propriedade do seu amigo Reinaldo Teles. O irmão do ‘vice’ portista foi um dos empresários que teve conta na BPN Créditus.
Foram várias as irregularidades detectadas até 2001 – altura em que foi demitido de todos os cargos.
Óscar Silva celebrou em Abril de 2003 um acordo com o BPN, para evitar perseguição criminal, comprometendo-se a compensar o banco pelos milhões em falta. Entregou alguns bens e participações, incluindo uma valiosa colecção de arte, mas nunca chegou a cumprir com a maior parte do que acordou. Apesar disso, Oliveira e Costa não avançou com qualquer queixa. Em vez disso, enviou para o Porto o genro, João Abrantes. A administração que lhe sucedeu, liderada por Abdool Vakil, também não consumou qualquer denúncia, apesar de ter recolhido e compilado os elementos que alegadamente indiciam Óscar Silva como o mentor da fraude nortenha. E foi Miguel Cadilhe, que ao deparar com este dossiê e, perante um buraco de 50 milhões de euros, resolveu mesmo levá-lo aos tribunais.
Óscar Silva, em Junho de 2006 acompanhou Vítor Pinto da Costa, (nome então desconhecido na aviação) integrando um grupo luso canadiano Longstock Financial com investimentos nas áreas do turismo, aviação, casinos, banca, gestão aeroportuária, petróleo e futebol e adquirem à família Mirpuri a Air Luxor Holdings, detentora da Air Luxor S.A., Air Luxor GB, Air Luxor STP e Air Luxor Tours. Após a compra a companhia aérea foi profundamente reformulada em termos de organização estrutural e financeira, acabando por no mesmo ano, abrir processo de falência.

Vítor Pinto da Costa surge depois como líder do grupo Biorecolhe, que se envolveria mais tarde na ATA Aerocondor, que perdeu em 2008 a licença de exploração aérea, ficando as rotas que operava no nordeste transmontano para a Aeronorte. Curiosamente, a Biorecolhe afirma ter a sua sede na Avenida Mário Sacramento, em Ílhavo, no mesmo número onde se situa um hotel de quatro estrelas. Vítor Pinto da Costa, acompanhado de Óscar Silva, mostrou-se interessado, nesse mesmo Verão, em comprar aquele hotel.
Nessa altura, os dois associados foram também acompanhados por um técnico de contabilidade que rapidamente se afastou do duo, por entender que poderiam estar em marcha negócios pouco claros. O próprio hotel, de resto, caracterizava-se pela presença de mulheres supostamente prostitutas.
Discreto na Air Luxor, Óscar Silva aparece todavia numa reunião com o presidente da Aigle Azur, quando esta companhia decide avançar para tribunal reclamando 1,2 milhões de euros de dívidas e danos causados.
Óscar Silva já era nessa altura dono de um património invejável, que passava por várias sociedades e empresas offshores.

Mais um processo para a gaveta? A Justiça não actua?

Curiosidades
António Quicanga, ex-boxer do Boavista e arguido em diversos processos por casos de violência, designadamente tentativas de homicídio, era o homem de confiança de Óscar Silva. Durante muito tempo, aquele foi, para além de seu braço-direito e seu segurança pessoal, funcionário da BPN Créditus, com "estatuto especial". Auferia ordenado fixo, pertencia à estrutura do banco, mas não tinha horário nem ordem de trabalho. Era sim o “cobrador”, o indivíduo que conseguia que os pagamentos mais difíceis se concretizassem, com recurso aos meios que fossem necessários.
António Quicanga, angolano, é uma personagem conhecida no mundo da noite portuense. Ligado a ginásios e claramente conotado com uma das facções do controlo da noite, sempre circulou com grande impunidade. Em 2005, foi preso por tentativa de homicídio, mas foi libertado a dias da leitura da sentença, por não se ter feito a apresentação de prova. O procurador do julgamento ainda protestou. "Assim é impossível fazer justiça", disse, depois de dezenas de testemunhas darem o dito por não dito e todas terem em comum uma grande dose de esquecimento.
Um dos momentos mais complicados para Óscar Silva ocorreu quando Quicanga se envolveu aos tiros com os seguranças da discoteca Penthouse, de que Óscar Silva era também proprietário, embora através de empresas offshore por si constituídas.
Esta amizade com o angolano veio, no entanto, a mudar radicalmente de sentido, mercê das rivalidades entre grupos que lutam pelo domínio do mercado da segurança nos locais de diversão nocturna portuense.
Óscar Silva chegou inclusivamente, a apresentar duas queixas na Polícia Judiciária do Porto contra Quicanga, acusando-o de tentativas de extorsão.

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